VIII Festival de Apartamento (São Carlos/SP) - Registro Online das Performances Apresentadas

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Os Apartment Festivals foram criados pelos neoistas nos anos 80 como uma forma de realizar eventos internacionais de Performance Art nas próprias moradias dos artistas, abrindo mão da necessidade de recorrer aos órgãos oficiais. Num processo de apropriação dessa prática, desde 2007 uma série de eventos performáticos tem sido organizada por uma equipe interessada em adaptar os Festivais de Apartamento de acordo com as necessidades de uma nova geração de artistas, ansiosos por espaços livres para apresentação de performances e intercâmbio de experiências. Basicamente, para realizar um Festival basta um local, uma intenção e pessoas interessadas em apresentar e/ou assistir a performances.

A oitava edição do Festival de Apartamento foi realizada no dia 21 de Agosto de 2010, em São Carlos/SP, Brasil, na sede do Instituto Cultural Janela Aberta.

A equipe de organizadores gostaria de agradecer a todos os performers que participaram do evento (com uma menção especial para Maíra Vaz Valente e Larissa Alvanhan pelo empenho na organização da rede de caronas) bem como ao público que esteve presente com a intenção de prestigiar os trabalhos.

Agradecemos imensamente à equipe do Janela Aberta, Cristian Cobra, Wendy Palo e o incansável Jonatan Sampaio, não apenas por ceder o espaço, mas principalmente por todo o apoio e disposição em todas as etapas da realização do festival, sem contar o carinho e a simpatia inesgotáveis.

Também queremos agradecer aos nossos fotógrafos Murilo de Paula e Alexandre Sanches e a nossa camerawoman Maju Martins, cuja filmagem ainda está em processo de conversão e edição e, futuramente, será incorporada ao presente registro.


VIII Festival de Apartamento
(São Carlos/SP)
Performance Art
http://festivaldeapartamento.blogspot.com/
http://twitter.com/fest_apartament

Organização
Thaíse Nardim
Ludmila Castanheira
Rodrigo Emanoel Fernandes
Alexandre Sanches

Fotógrafos
Murilo de Paula
Alexandre Sanches

Anfitrião:Instituto Cultural Janela Aberta


Registro das Performances Apresentadas:
(listadas por ordem de inscrição; os textos foram enviados pelos performers em suas respectivas fichas de inscrição)

ATENÇÃO: Gostaríamos de pedir que as imagens veiculadas aqui não sejam reproduzidas em outros sites ou blogs sem a autorização dos respectivos artistas. E-mails e links de cada performer estão disponíveis para contato. Sabemos que esse parece um pedido ingênuo numa época em que imagens podem ser reproduzidas ao infinito, por vezes sem nenhuma preocupação com as pessoas fotografadas e o contexto em que suas imagens podem acabar sendo exibidas, mas apelamos para o bom senso e a ética que, teimamos em acreditar, ainda devem existir. Obrigado.


Desfrute

Ludmila Castanheira
Campinas/SP

(detalhes sobre a concepção do trabalho no blog da autora)

"Há um círculo do palpado e do palpante, o palpado apreende o palpante; há um círculo do visível e do vidente, o vidente não existe sem a existência do visível; há até mesmo a inscrição do palpante no visível, do vidente no tangível e reciprocamente; há, enfim, propagação dessas trocas para todos os corpos do mesmo tipo e do mesmo estilo que vejo e toco - e isso pela fundamental fissão ou segregação do sentiente e do sensível, que, lateralmente, faz os órgão de meu corpo entrarem em comunicação, fundando a transitividade de um corpo a outro" (Merleau-Ponty. O Visível e o Invisível: 1971)




mel-o-drama - parte IV (olhar à distância)
Thaíse Nardim
Palmas/TO

(detalhes sobre a concepção do trabalho no blog da autora)

O desafio da performer é manter os olhos abertos durante a repetida execução de um vídeo em que a cantora cubana "La Lupe" interpreta a canção "Qualquiera". Não sabemos quando a exibição será interrompida.
A canção, a performance de La Lupe, a fragilidade da performer coberta apenas por uma camisa masculina, com os braços erguidos para manter as pálpebras abertas com as mãos, as poucas lágrimas que vertem de seus olhos durante os vinte minutos da ação, esses elementos em conjunto compõem o todo do trabalho.








Cabelódromo

Grasiele Souza
São Paulo/SP


Manipular os cabelos em torno da face é a ação de Cabelódromo. A aparição de diversos penteados revelam situações de liminaridades entre o reconhecível e o extra-cotidiano para o cabelo.





Modifica
Grupo Corpo de RuaMaria Gabriela D'Ambrozio e Cid
São Carlos/SP


O "amadureciometo" de um indivíduo: o extasi, o funck, o daime, a erva - a morbidez das palavras à meia noite. "Será que ela goza?". "A felicidade é coletiva?". Dúvidas, angústias, tristezas compartilhadas com o público. Para quem está a responsabilidade da transformação? Quem "Modifica"?



Maquinestesia

Duo Sonoris Causa
Eduardo Nespoli & Alexandre Ficagna
São Carlos/SP e Campinas/SP


O sonoro e o visual, o acústico e digital, gestos e sonoridades, elementos que agenciam-se num espaço de encontros esperados e inesperados. Espaço que depende de um tempo outro para que seja reconfigurado.



Antúrio
Maju MartinsCriação e produção: Maju Martins.
Confecção do figurino: Ana Maria P. Jambersi
São Carlos/SP


"Muitas vezes eu disse que uma irmã mais velha vive dentro de meu corpo. Quando tento levantar ela se abaixa. Quando me ocupo de minha dança ela come as trevas no meu corpo. Quando ela cai, isto significa muito mais do que eu ficar em pé." Hijikata




1:1 versão Amarelo
Maíra Vaz Valente
São Paulo/SP


Investigação performática a partir do encontro entre propositor e participador através do Conector Amarelo.



Protagonista ou Tudo aquilo que eu não posso te dizer
Luísa Nóbrega
São Paulo/SP

(detalhes sobre a concepção do trabalho no blog da autora)

Uma linha separa artista e público. A performer emite diretamente para o público uma série de sons inarticulados, não podendo de modo algum fazer uso da linguagem verbal. Em seguida, cala-se, vira-lhes as costas e o microfone passa ao público, que pode dizer o que desejar à performer, fazendo uso, obrigatoriamente, da linguagem verbal.






Corpo Crú
Grupo IncógnitaConcepção/intérprete: Urubatan Miranda
Dramaturgia/sonoplastia: Ricardo Barbosa
São Paulo/SP


Tenho síndrome de Otelo desgastado / esquizofrênico pelo sexo obscuro que / transpira entre minhas pernas.
Fecho meus olhos estranhos e nebulosos / e arrasto-me escorregadio, lentamente / enquanto cortejo minha própria sombra / a procura de um reflexo roto.
Reparto meu corpo num quebra cabeças / enquanto a dor debruça-se eloqüente / pesada e absorta sobre meus olhos.
Agora mergulhado em toda a essa catarse / deito-me entre meus órgãos enovelados / por meus surtos, medos e angústias / onde a palavra é abafada pelo silêncio.





Modèles de maisons
Felipe Matos Ohno e Fernanda Vasconcelos
Bauru/SP


A ideia é iluminar, evocar o novo, transcender os padrões. “Modèles de Maisons” é uma ação de transformação e experimentação, uma distorção dos paradigmas. As ações performáticas convidam o público à auto-transformação e à reflexão sobre o olhar mecânico, que registra sem digerir.



NaMassa
Diana Parisi
São Paulo/SP


Um convite para a composição coletiva de uma massa de pão. O fazer artístico abre mão do espetáculo ao mesmo tempo em que escapa às mãos do autor e reelabora-se em uma ação coletiva simples, descentralizada e despretensiosa, com o potencial de gerar, dissolver ou reconfigurar situações, ambientes e relações.


vetiver
Danças com caderno testemunho
Gisella Hiche
São Paulo/SP


Versão festival de pesquisa íntima, denominada danças com caderno testemunho, em que movimento e poesias diluem um estado de desenraizamento. Nesta versão, as pessoas presentes no festival poderão dançar sob tecido vermelho e sobre o chão, reconhecendo no corpo, em memórias e na dança sensações que aterram.



Fazendo (a-consciências)
Uma performance de Thaíse Nardim para André Luiz Nardim
São Carlos/SP


Uma performance-em-jogo familiar, proposta surpresa baseada na obra do artista americano Allan Kaprow, em especial em seus trabalhos de inspiração zen-budista.




Ainda será possível?

Larissa Alvanhan e Mariana de Luna
São Paulo/SP


"Ainda será possível / a comunicação, o entendimento? / Ainda será possível / o contato, o desprendimento? / Ainda será possível / a coragem, o rompimento?/ Ainda será possível / as cores, a liberdade? / Ainda será possível
a vida, o sofrimento? / Ainda será, simplesmente, possível?

Diante de tantas (im)possibilidades cotidianas e rotineiras, a Perfomance Ainda será possível? traz o questionamento: será possível lavar-se das marcas culturais, das sujeiras , das imposições sócio-culturais, dos preconceitos e das hipocrisias para apenas sentir, sonhar, sofrer, viver? Quais são as conseqüências quando ousamos mudar o que nos parece impossível? Ainda existe lugar para as individualidades e o verdadeiro conceito de liberdade? Ainda será possível simplesmente sonhar com as possibilidades ainda (im)possíveis?



15 por 12

Double jesus e Fabi Mtisue
Fabi Mitsue e Van Jesus
São Paulo/SP


Quantas vezes temos que ser estimulados para tormar-mos fanáticos por algo ? A que ponto nos leva a honra e o orgulho ?
O que é realmente verdade daquilo que cantamos ?





E, finalmente, entreatos, convívio e celebração:

Fotos: Murilo de Paula e Alexandre Sanches
E agradecimentos a todos que prestigiaram e colaboraram com a realização de mais um Festival de Apartamento.





Um comentário:

Anna Kuhl, diga kil disse...

Pude assistir à performance Antúrio, da Maju Martins, gostei bastante, e agora soube que ela é de São Carlos ! E nunca a conheci pessoalmente.