XI Festival de Apartamento (Campinas/SP) - Registro das Performances Apresentadas

O décimo primeiro Festival de Apartamento teve uma série de  particularidades que só vêm reforçar a ideia de que cada edição tem características próprias e, uma vez engatilhada, se concretiza à sua maneira, conforme a constelação de subjetividades reunidas.

Dessa vez recebemos o maior número de inscrições, trinta no total (com quatro desistências, o que não deixa também de ser um tipo de marco). Tivemos a maior abrangência geográfica, com a participação de artistas de 14 cidades diferentes, entre os estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Tocantins, Alagoas, Espírito Santo, Ceará e Rio de Janeiro. E o maior público presente até hoje.

Toda essa dimensão traz consequências ambivalentes. Por um lado, é motivo de felicidade e encantamento: por perceber, outra vez, a força da performance art e seus artistas; e por lembrar que este evento começou como um  despretensioso e obscuro festim de amigos. Por outro lado, torna inevitável certas considerações sobre o futuro.

Ainda nos parece desejável a ausência tanto de seleção curatorial quanto de recursos ou endosso de instituições, bem como o uso de casas comuns, não formatadas para eventos artísticos. Enfim, o caráter sadiamente amador do festival, que se realiza a partir das iniciativas e recursos individuais de cada um dos envolvidos, sejam organizadores, performers ou colaboradores. Infelizmente, para manter o festival com essas características que o diferenciam, algum critério para limitar as inscrições a um número viável terá que ser aplicado nas edições futuras. Ainda está em discussão, mas provavelmente faremos o encerramento abrupto das inscrições assim que o limite de capacidade da casa da vez for alcançado. Assim, futuros participantes, não deixem para a última hora. ;)

Mas voltemos ao presente. Realizado mais uma vez na Saudável Casa Subversiva - Campinas, sob os auspícios de nossos anfitriões Flávio Rabelo, Patrik Vezali e Emerson-Dia Arara e as bençãos dos nobres felinos Fiori (foto), Bertold Brecht e Poquinha (e família), o XI Festival de Apartamento infelizmente não pôde contar com nosso fotógrafo habitual, o incansável Murilo de Paula, mas em compensação tivemos muitas colaborações para o registro. Além das organizadoras Ludmila Castanheira e Thaíse Nardim se desdobrando para capturar todos os trabalhos, tivemos o apoio dos fotógrafos Leandro Pena (que já havia colaborado com a edição anterior), Rodolfo Lo Bianco e Valéria Branco, além da performer Camila Lacerda. O resultado desse esforço conjunto pode ser apreciado abaixo, no registro de mais um Festival de Apartamento.

XI Festival de Apartamento (Campinas/SP)
Arte da Performance
04/02/2012


Organização:

Anfitriões:
Saudável Casa Subversiva - Campinas

Fotógrafos:


Registro das Performances Apresentadas
(listadas por ordem de inscrição, com sinopses enviadas pelos performers)

ATENÇÃO: Pedimos gentilmente que as imagens veiculadas aqui não sejam reproduzidas em outros sites ou blogs sem a autorização dos respectivos artistas. Os links para os sites, blogs ou e-mails de cada performer estão disponíveis abaixo para contato. Apesar de parecer um pedido ingênuo numa época em que imagens podem ser reproduzidas ao infinito, as vezes sem nenhuma preocupação com as pessoas fotografadas e com o contexto em que suas imagens podem acabar sendo exibidas, ainda assim apelamos para o seu bom senso. Obrigado.


Amor em tempos de cólera
OutroLuiz
Mairinque/SP

A atrocidade feita pelas Bombas Nucleares infelizmente ainda vive em nós, mesmo sem vivê-la fisicamente. "Amor em tempos de Guerra" é meu grito-mudo contra essa sensação que não sai da pele.



Desatenção Y
Filipe Porto
Palmas/TO

Deficit de atenção, geração Y, ritmo de vida do 3º milênio, todos usados como desculpa para a falta de atenção, que será posta a prova, buscando o sucesso com a certeza da falha.


Canonizador
Rio de Janeiro/RJ

Instalação baseada no mandamento de Deus de sermos santos. Em Levítico e Pedro.




Estigma
São Paulo/SP

Utilizando velas, gota a gota o performer vai criando em seus próprios pés uma imagem de estigmatizado. Muitos fiéis causam os ferimentos e exibem as falsas chagas de Cristo e ainda trazem mensagens do céu. Alguns cobram pelo serviço. Desta forma, os estigmatizados são atores, performers ou santos?



Incubação. Transbordamento para corpo d’água
Vitória/ES

Algo corre e escorre dentro e fora de nós, algo como uma corrente que derrama e transborda. Incubação e transbordamento podem ser considerados movimentos opostos, no entanto ambos falam da relação entre fluxo e tempo. Aqui, um corpo se liquidifica em meio à demora nos desvios e nas delicadezas.




"artist must be powerful, art must be powerful"
Livia Piccolo
São Paulo/SP

Em cima de um chão forrado de espelhos, a artista vestida de Superwoman permanece em pé durante 5 horas, com os pés descalços cercados por cacos de vidro. Carrega vidros nas mãos, permanece em silêncio e mantém o olhar fixo em um pequeno espelho colocado alguns metros adiante.



Alice desconhecida
Parajuru/CE+Rio de Janeiro/RJ

Uma sequência de ações se desenrolam enquanto Alice escuta sua rádio interior. São canções que vão de poemas sonoros, a barulhos e interferências. Se fosse um roteiro de cinema seria a história de uma mulher sozinha em casa cantando e lavando roupa. Esperando o tempo passar sem saber o que fazer.



Sementes Semelhantes
Belo Horizonte/MG

Sementes Semelhantes são palavras em forma de sementes que são plantadas pela performer em vasos de flor e discute a relação entre o ser humano e a natureza.



Kahlo em mim
Felipe Monteiro
Maceió/AL

Kahlo em mim, é uma performance autobiográfica que aborda a instauração de estigmas e que utiliza Frida Kahlo como matriz poética.



Ação Assintomática
Gilio Mialichi
Limeira/SP

Ações naturais e humanas abordam o universo materno por meio de uma poética que se reordena e manifesta a importância de cada elemento utilizado. Nesse caso apresenta uma continuação, onde a doença e a cura ainda são evidenciadas pelo significado dos elementos, dentro desse universo.



Inviolável
Grupo Protótipo Tópico
Fábio Valério e Lidiane Marques
Bauru/SP

Corpos que gritam, embalados a vácuo, dilacerados e violados.



desusagens diárias
São Carlos/SP

Uma mulher decide compartilhar com estranhos seus diários de adolescente.




Unmade Bed
São Paulo/SP 

Unmade Bed é uma performance de T. Angel que pretende explorar as multi-possibilidades de comunicação e interconexão entre corpos. O artista convida o público – um a um e em distintos intervalos - para vivenciar um momento no tempo. Momento este em que cada um será insubstituível e inesquecível.



Churrasquinho
Bruno Morais, Alvaro Cherubini, Gabriel Galhardo, Camila Moro, Fausto Ribeiro, Emiliano Favacho, Rubia de Campos 
Ribeirão Preto/SP

Dizem que o bacon, vinagre na chapa e orégano dão o cheiro avassalador...., dizem quantos bifes cabem numa Geoge Foreman ( que um dia colocou Mohamed ali no chão)? cortá-los numa tábua de carne? tábua de salvação? e o que falar: só mais um minutinho... , já tá quase pronto...



DESusagens
luz...ir
São Carlos/SP 

Desusando o lixo de si e a arte d@s outr@s
a linguagem busca
reconstruir possíveis pontes
caminhos para literaturARTEs
inspiradas na Poesia de Manoel de Barros.


every-body
Gustavo Torres
Rio de Janeiro/RJ 

every-body explora as múltiplas possibilidades do corpo. transgride estatutos cristalizados com a violência com que cria dispositivos de criação de si. espaço-tempo de liberdade que o corpo carrega para fora.




Primeiro a coragem
Jenyffer Lisboa
Tatuí/SP

Um mergulho dentro de si, passando pelo cerebro, coracao e estomago, defecando o gene materno, primeiramente, com todas suas nuancias. Deparar-se com a verdade nunca e facil."Meu maior medo é ficar louca, ou pior, descobrir que sempre fui." 22/01/2012 - 02:16 am.




Laboratório In situ #1
Luciana Ramin e Gabriel Netto
São Paulo/SP

"Laboratório In situ #1" é a invenção de um equipamento que se coloca em teste, para a confirmação de que tudo funcionará como um sistema. O ponto de partida é o lugar, onde seu conteúdo pode ou não ser manipulado, mas a presença, seja dos performers ou do público a modificam transubstancialmente.




Alfabetização para Maiores
André Daniel
Coletivo Ode à Baco
Criação: André Daniel; Fotografia de divulgação: Aline Ribeiro
Curitiba/PR

Dadá is dead. Dead is not Dadá. Dadá deu de novo (curtiu). Pacatatucotianão.



CRÚTERO
Juliana Bom-Tempo
Juliana Bom-Tempo (Concepção e performer); Cristiano Barbosa (Produção executiva, edição de imagem e câmera); Luciana Ramin (Auxílio técnico)
Campinas/SP

O que pode o risco da não efetivação? corpo como passagem, ponte, devir, tornar-se. O corpo como potência de forças, uma prática em uma experiência limítrofe. Corpos-fissuras, viscerais, intra-úteros, nus e crus. No parto, o risco de toda a gestação não vingar. E o risco de vingar.



Instante Constelado
ETA AQUARÍDEA
Mariana Bley, Pablo Pablo, Igor Cabral, Rebecca Ramos, Cris Miranda
Rio de Janeiro/RJ

O tempo-presente não é fixo, e existe um fluxo...Através de projeções, improvisação sonora, câmera-corpo e dança, tudo simultaneamente [num híbrido de linguagens] , a performance busca entrar em sintonia com o público presente, criando a cada edição uma constelação única, um abraço ao acaso.



.do não cansaço.2.
Coletivo das Meninas Sem Nome
com Janaína Carrer
São Paulo/SP

Da série “Modos de esgotar os possíveis”. Um corpo esgotado e sua ação de deitar-se. “Estava-se cansado de alguma coisa, mas esgotado de nada... pois renunciou a toda necessidade, preferência, finalidade ou significação." ( G. Deleuze – O esgotado)



Me gritaron Negra
Coletivo Ode à Baco
Kamylla Paola e Pedro Gonçalves
Curitiba/PR

Um grito, clamor, dor, resistência. Ser negra, estar negra. A dança, o som, o tambor. O rito, sangue e furor. Atabaque chora, o corpo vira energia, Axé.



Sobre amar aos vinte anos
Gil Rodrigues
Rio de Janeiro/RJ

Performance-exorcismo de afetos.



Rito #4: subtração de quartos no festival de apartamento
Adalgisa Campos
São Paulo/SP

Em Rito #4 parto das dimensões de um quarto, elemento de uma coleção de medições que se constitui há anos. Pelo deslocamento de seixos no chão, espaço representado e real se subtraem, formando um novo lugar de onde desenho uma estrutura germinante, imagem recorrente em minha produção.



Desfrutáveis

Instalação com resíduos da ação "desfrute", realizada na "Casa Relâmpago"
A foto é um trisquinho do fato.


Traje do Paulistano - Traje de Verão da Paulistana Gripada
Tábata Costa
São Paulo/SP

O Traje do Paulistano® é o traje ideal para habitantes não apenas da metrópole paulistana, mas de qualquer grande cidade estarem protegidos e prontos para tudo ao enfrentar o dia-a-dia e as intempéries contemporâneas quando se cruza a cidade de casa para o trabalho e do trabalho para casa.

(Nota da Organização: Incapacitada de ir pessoalmente ao festival devido a problemas de saúde, a performer readaptou o trabalho, mesclando-o à prosaica necessidade de ir ao posto de saúde, no mesmo sábado em que foi realizado o festival. Fotos de Milene Valentir)



E, finalmente, entreatos, convívio e celebração:
E agradecimentos a todos que prestigiaram e colaboraram com a realização de mais um Festival de Apartamento.




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