XII Festival de Apartamento (Uberlândia/MG) - Registro Online das Performances Apresentadas

Antes de mais nada, pedimos desculpas pela demora na divulgação do registro do XII Festival de Apartamento (Uberlândia/MG), ocasionada por uma série de contratempos que não vale a pena elencar aqui. Melhor falar das alegrias e prazeres que, nessa ocasião, foram até além do esperado. Pela primeira vez o Festival de Apartamento conseguiu romper as fronteiras do estado de São Paulo, uma afirmação que pode soar exagerada, se esquecermos que estamos falando de um evento organizado (propositalmente) sem nenhuma verba ou apoio institucional, dependendo portanto da disponibilidade e recursos pessoais de cada um dos articulares, o que inclui nós, da organização, e os diferentes anfitriões dispostos a ceder uma casa a cada edição. Assim, sempre foi mais fácil orbitar pelo interior paulista, local de origem dos organizadores, com a conveniência da proximidade e das redes de amigos. Porém, um dos objetivos do festival sempre foi manter seu caráter "nômade", dando preferência, se possível, a locais onde a arte da performance ainda não tenha tido a chance de se organizar numa rede de artistas e interessados, como - bem ou mal - já acontece nos grandes centros.

Portanto, foi uma grande alegria quando os artistas Élder Sereni e Samuel Giacomelli, responsáveis pelo projeto "Ocupações Efêmeras" e administradores da Casa Via Lakka, se disponibilizaram a receber o Festival de Apartamento em Uberlândia/MG, nos aproximando de todo um outro universo de artistas e interessados na linguagem performática e nos ajudando a quebrar uma identificação forçada do festival como um evento exclusivamente paulistano. O XII Festival teve um total de 27 trabalhos apresentados e foi, em muitos aspectos, a edição melhor articulada desde que tudo começou, seis anos atrás, repleta de estranhos e fascinantes paralelos, performances que pareciam dialogar entre si espontaneamente, mesclando-se e resignificando-se: os corpos entregues à terra, os gêneros colocados em questão, o fogo, as rochas, o alimento, as trocas de afeto. Um lugar de encontro para poéticas nômades.

Devemos muitos agradecimentos ao Élder e ao Samuel não apenas pela parceria em si, mas pela simpatia e senso de humor inabalável em todas as etapas do processo (o que inclui, é claro, o "mexidão" e os riquíssimos debates sobre as propriedades terapêuticas da alcachofra). Nossos muito obrigados também pela hospedagem na casa cheia de passagens secretas do Élder, da Gabi Maravilha (a quem agradecemos também pelas caronas estratégicas) e da Magr Is (que, além de ser cheia de surpresas, ainda nos ensinou que galinhas d´angolas podem sim aparecer do nada). Também agradecemos ao nosso segurança ninja Afonso Mansueto, à pequena Vanessa Garcia, companheira firme e forte, das primeiras horas da tarde até o amanhecer do dia seguinte (e quem precisa de geladeira, né?) e, é claro, ao índio, que marcou presença e se foi tão rápido que muitos, acreditem ou não, sequer notaram. =)


XII Festival de Apartamento (Uberlândia/MG)
Arte da Performance
20/04/2013

Organização:

numa parceria com:
Ocupações Efêmeras

e

Fotógrafos:


Registro das Performances Apresentadas
(listadas por ordem de inscrição, com sinopses enviadas pelos performers)

ATENÇÃO: Pedimos gentilmente que as imagens veiculadas aqui não sejam reproduzidas em outros sites ou blogs sem a autorização dos respectivos artistas. Os links para os sites, blogs ou e-mails de cada performer estão disponíveis abaixo para contato. Apesar de parecer um pedido ingênuo numa época em que imagens podem ser reproduzidas ao infinito, as vezes sem nenhuma preocupação com as pessoas fotografadas e com o contexto em que suas imagens podem acabar sendo exibidas, ainda assim apelamos para o seu bom senso. Obrigado.


Polegar Opositor
Monique Alves, Angelita Franklin, Lucas Dilan, Afonso Mansueto.
Uberlândia/MG

Carne, músculos, vísceras...
Viscéras...viscerás...
Overdose de Blá-blá-bláção.
São as contra-rimas.
Das pessoas as coisas.
O tempo perdeu a coerência e o passado impõe sua contemporaneidade.
A não concretude do homem.




Música Esquisita
Lucio Pereira
Uberlândia/MG

Música esquisita é como?
Como é música esquisita?
É como música esquisita?
Esquisita como música é?




Gravador
Lucas Dilan
Uberlândia/MG

Da necessidade de gravar, abrir, penetrar as camadas ...
Deixar rastros vivos de uma possível calmaria caótica do corpo.





Schadenfreude e a brincadeira
Palmas/TO

Uma observação da dicotomia masculino/feminino, problematizando a diferenciação desses papéis na sociedade.

"De top, melissinha, gloss e salto alto a gente dança funk e desce sem parar."
(Bonde das Novinhas - Mc Amandinha)




Sapatinhos Vermelhos
Stéphane Dis
Niteroi/RJ

A artista fará a contação de uma história clássica, que marca sua trajetória pessoal e artística, esta poderá ser repetida quantas vezes for necessário, colocando como questão do trabalho a disponibilidade para atividades "ociosas" e encontros no dia a dia, onde o propósito é a troca.





Berrosabramovicabrindo
Grupo Berros
Mara Leal, Tauana Barbosa, Juliana Maltos, Eduarda Pereira
Uberlândia/MG

Berrosabramovicabrindo é inspirada nas performances de Marina Abramović, principalmente as de longa duração, nas quais a artista explora os limites do corpo/mente e a relação com o público. Para esse evento canibalizaremos a ação “AAA AAA” de 1978.




Felicidades ao casal
Uberlândia/MG

Uma noiva.
Cebolas.
Esmalte de unha.
Qual o papel da mulher dentro da instituição "Casamento?




Primavera
Emílio Rogê, Gabriela Costa
Uberaba/MG

Primavera é um estudo corporal do texto O despertar da Primavera de Frank Wedekind.
Explora a necessidade urgente de (re)descoberta e vivência do corpo sexual na adolescência.





PULVERIZE
Juliana Maltos
Performer: Juliana Maltos; Direção: Nina Tannús; Orientações: Mara Leal
Araguari/MG 

"E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, Você?
Você que é sem nome,
que zomba dos outros,
Você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?"



Esmalte
Belo Horizonte/MG 

Questionar os valores e desejos da sociedade contemporânea,é meu objetivo. De formas satírica; às vezes dramática ocupo espaços demonstrando as diversas modelagens corporais. Acredito na minha realidade-verdade: qualquer corpo pode ser belo e apreciado,só depende da forma como ele ocupa o espaço.




Canteiro Caiado
Limeira/SP 

A ação utiliza o universo materno como mote criativo, afirmando essa poética a partir do resgate de uma figura feminina jovem da memória do artista.

Cal e uma fotografia são os elementos manipulados que constroem a ação e dialoga com o espaço.




Ato Colédoco-Penitente #1
Marcos FMNO
Limeira/SP

A performance representa de maneira metafórica a experiência particular, sensorial e emocional da dor e o escoamento do tempo, como fator determinante sobre a vida. O organismo busca a liberdade através da cura, enquanto a essência precisa se livrar da sobrecarga das emoções cotidianas.




Resistencia al Calor
Queretaro/México

mi trabajo se desarrolla a partir del dialogo entre el cuerpo y su contexto, mis acciones giran en torno a la resistencia fisica y emosional, la creacion de imagenes poeticas son parte fundamental en mis performance ya que permiten un sin fin de interpretaciones.





Líneas Rojas con FAUST(r)OAEL
Limeira/SP

Líneas rojas, é o ato continuo do coração bombardeando o sangue, centrado no peito, recebe a dor e a leveza, o belo e feio.




INÓSPITO
Campinas/SP

inóspito
i.nós.pi.to
adj (lat inhospitu) 1 Que não recebe com hospitalidade. 2 Diz-se do lugar onde não se pratica a hospitalidade. 3 Que não agasalha, ou não protege; desagasalhado. 4 Que não serve para ser habitado; bravio. Var pop: inospedeiro.




ONDINA
Matheus Alecci
Limeira/SP

- Normalização do ato sexual.
- Quebra de tabus e preconceitos.
- Relação entre feminino e masculino.





PEQUENO DISCURSO AMOROSO
Lea Moraes
Limeira/SP

AÇÃO QUE PRETENDE APREENDER UM INSTANTE, TRANSCREVER UMA EXPERIENCIA E MARCAR ATRAVÉS DA PERCEPÇÃO DO ARTISTA UM REGISTRO DA VIDA DE TODOS OS QUE ESTIVEREM PRESENTES NESSE MOMENTO.





Pertencer e outros
Grupo Eu e mais um de teatro ( parceria com Grupo Pétala)
Danilo Corrêa e Yaska Antunes (direção), Lígia Sene e Mariana Guerron (performers) 
Uberlândia/MG

Um texto e vários corpos. Medos, sonhos e desejos. Pertencer como sinal de vida e impulso da morte. "Tenho certeza de que no berço a minha primeira vontade foi a de pertencer [...]eu de algum modo devia estar sentindo que não pertencia a nada e a ninguém. Nasci de graça (Clarice Lispector)".




Hairnet Paradise
Jota Cavalcante
Uberlândia/MG

Um ritual é realizado como tentativa de regressar e mergulhar profundamente em memórias da infância e em visões enteóginas.





CHAGAS
Fernanda Moselli
Limeira/SP

Chaga – Ferida aberta que supura úlcera, cicatriz, incisão na casca das arvores, coisa que penaliza ou aflige dor moral, desgraça.





Resiste a carne?
Mariane Araujo Vieira
Uberlândia/MG

No formato de instalação coreográfica o trabalho “Resiste a carne?” é criado com o intuito de questionar o quanto queremos ou podemos resistir ao entorno e ao próprio corpo, sem que com isso inviabilize a possibilidade de ceder.  É a partir desses conceitos que se cria qualquer relação com qualquer coisa. Ceder a carne, ao tempo, ao espaço, ao outro, as emoções, não deixando simplesmente de resistir.





Qual é o gênero do caráter?

O que faz de uma mulher uma mulher? O que faz de um homem um homem? Quanto do seu desejo te define? O quão determinante são saias ou calças? Qual o gênero do caráter?



Desusagens em Poucas Palavras
Sonia Pinheiro
São Carlos/SP

Retirados no cotidiano, uma mãe e seu filho se inspiram, transformando a rotina em possibilidades criativas para saborear alimento e a POEsia de Arnaldo Antunes, Manoel de Barros e Renan Inquérito.





Espaços em Dobra - uma deriva entre memórias
Diego Baffi (quandonde intervenções urbanas)
Curitiba/PR

'Alguma coisa aconteceu então no seu íntimo; alguma coisa misteriosa e definitiva que o desprendeu do tempo atual e o levou à deriva por uma inexplorada região de lembranças.' Gabriel Garcia Marques, em "Cem anos de solidão".
O interventor Diego Elias Baffi - quandonde intervenções urbanas em arte - realiza a partir da rua Uberlância, em Curitiba (PR), deriva motivada pela troca de lembranças que se realizará por telefone com participantes do Festival de Apartamento.
A ação terá a mesma duração do festival.




Sem Título
Brenda Ferraz
Uberlândia/MG







Eu sem nome
Anna Bida
Uberlândia/MG

"Eu sem nome" é a perfomance que, através da ocupação de um banheiro público com ações tipicamente femininas que habitualmente ocorrem neste local, constroi e destroi uma personagem. Ela busca uma identidade, padronizando-se, (de)compondo-se, transmutando-se em várias de si, na ânsia vã de personificar o reflexo do que realmente ela é.




Solana
Magr Is
Uberlândia/MG

Solana
Se vera
Da sombra
O ventre
Possa nova
Sobre o tempo
Tem pó e po e ira
Massiva
Pressente, onírica.






E, finalmente, entreatos, convívio e celebração:
E agradecimentos a todos que prestigiaram e colaboraram com a realização de mais um Festival de Apartamento.



2 comentários:

Adriane Gomes disse...

Realmente o Festival de Apartamento se tornou um dos maiores eventos independente de Performance do Brasil, gostaria que o Sesc fosse patrocinador desse grupo que hoje é um dos grandes representantes da pesquisa da Performance contemporânea para a a América Latina.

Somente eu disse...
Este comentário foi removido pelo autor.