Também devemos muitos agradecimentos aos destemidos Marcelo Bravo e Rafael Crooz, do grupo Sala Preta, que se ofereceram para instalar a iluminação e quebrar uma infinidade de galhos (as vezes literalmente) para que tudo corresse da melhor forma possível. Bravo também uniu forças com o nobre Rodolfo Lo Bianco (pela segunda vez colaborando como fotógrafo do evento) e juntos garantiram uma das mais abrangentes filmagens que um Festival de Apartamento já teve. Isso não significa, entretanto, que todos os trabalhos foram filmados. A própria simultaneidade das apresentações sequer permitiria tal cobertura, mas é um preço aceitável pela fascinante dinâmica que se estabelece no "aqui e agora" do evento, nas combinações e mesclas espontâneas entre as performances e participantes, algo que só pode ser experienciado in loco, por mais importantes que sejam os registros a posteriori.
Essa décima terceira edição foi provavelmente a de menor público desde as primeiras, algo esperado dada a intenção de levar o festival cada vez mais para longe dos grandes centros onde já existem circuitos de performance estabelecidos. Todavia, também foi o festival em que as dinâmicas e interações entre participantes foram das mais interessantes e satisfatórias, com inúmeros momentos de grande intensidade e (talvez mais importante) de intimidade. Uma combinação que, por si só, convida à reflexão. Ações cujos temas e componentes pareciam "rimar": terra e líquidos, carne e sangue traçando escritas e gerando códigos; trocas de fluidos e de histórias; meditações sobre sexualidades e exercícios de empatia; agulhas que atravessam roupas, pele e sentimentos, corpos que se conectam e corpos solitários que se desmontam e se recolhem para se recriar. Um festival de pequenos detalhes (por vezes emoldurados), de lágrimas, de amuletos, de ritos e experiências íntimas, de coisas pequenas e frágeis que, a um toque, se despedaçam... como pessoas. Uma bolha no tempo e no espaço, no silêncio no alto da serra, onde potencialidades, ideias e novas formas de (con)viver gestam (talvez) mais seguras, numa atmosfera capaz de nutri-las, para depois estourar e se espalhar para longe... para um mundo lá fora que as vezes nos parece tão recrudescido em mesquinharias e atitudes reacionárias, mas que encontros como o festival (e tantos outros semelhantes) parecem nos ajudar a enxergar como o que realmente são: apegos desesperados a um mundo triste e doente sendo, pouco a pouco, deixado para trás. Utopia? Pergunte aos viajantes do Recanto da Paz.
Afinal... somos todos nômades...
XIII Festival de Apartamento (Miguel Pereira/RJ)
Arte da Performance
01/02/2014
Organização:
Fotógrafos:
Registro das Performances Apresentadas
(listadas por ordem de inscrição, com sinopses enviadas pelos próprios performers)
ATENÇÃO: Pedimos gentilmente que as imagens veiculadas aqui não sejam reproduzidas em outros sites, blogs e redes sociais sem a autorização dos respectivos artistas. Os links para os sites, blogs ou e-mails de cada performer estão disponíveis abaixo para contato. Apesar de parecer um pedido ingênuo numa época em que imagens podem ser reproduzidas ao infinito, as vezes sem nenhuma preocupação com as pessoas fotografadas e com o contexto em que suas imagens podem acabar sendo exibidas, ainda assim apelamos para o seu bom senso. Obrigado.
Mairinque/SP
"Costuro..." é uma meditação sobre o Amor e seus entrelaces. Uma acupuntura sentimental."
Performer costura na boca nome de pessoas que os Outros Amam e que ele mesmo ama também. Até não sobrar mais linha ou espaço para costurar.
Pauta
São Gonçalo/RJ
escrita de um som em silêncio
Rio de Janeiro/RJ
Cascalhos
Volta Redonda/RJ
Brasilia/DF
[DES] MONTAGEM
São Paulo/SP
Ouço alguém chamar "mãe". É comigo, eu sei. Tem mil caras esse chamado, e mil vozes... Mil idades. Os meus filhos e filhas ao meu redor. Respondo "Oi...?", doce e algo desatenta ou ocupada, como a minha mãe, esperando o resto da frase que inicia com um apelo mágico. Atendo mentalmente e me dou conta de que eles (ainda) não existem, senão cá dentro. No desejo intenso que baliza uma série de escolhas, engajamentos, despedidas. "Oi...?"
Potencialmente indesejado
Fernando Hermógenes
São Joaquim de Bicas/MG
3x1 - Substâncias
Raquel Aguilera, Flávio Rabelo, James Turpin, Roberto Rezende
Miguel Pereira/RJ
Se todo oráculo existe para dar conta da inelutável experiência temporal e da construção subjetiva que se processa a partir da idéia de escolhas e consequências, usamos oráculos quando tentamos controlar ou apenas entender o tempo (que para os ocidentais é um avanço linear, uma estrada percorrida).
Coração Aberto
AnaKlaus
Rio de Janeiro/RJ
Des-formance
Filmagem e Edição: Arthur Moura
Niterói/RJ
Fruto
Rio de Janeiro/RJ
Uma mesa, uma lâmpada, um martelo. Uma martelada. O fruto dos destroços da razão: o fogo. aquele mesmo: o primeiro, do domínio. Agora depois, potência de liberação. A ação é repetida até que se torne desnecessária.
Rio de Janeiro/RJ
FONTE-REFLUXO: BEIJO
Artista Convidado: Danilo Nardelli
Barra Mansa/RJ
A ação investiga a atração e repulsão provocadas pelas matérias que o corpo produz, deslocando-as para um lugar relativamente neutro: a água. À medida em que ela é saturada com a saliva dos performers, eles experimentam e compartilham com o público os paradigmas invisíveis introjetados em nossos corpos e uma outra possibilidade de conexão entre si.
RECEITAS
Angélica Andrade (direção de arte); Carlos Augusto Rodrigues (produtor); Cris Amorim (direção de arte); Ma Martins (fotografia); Samuel Gambini (sonoplastia); Sandra Vilchez (atriz); Thatiana Moraes (atriz)
São Paulo/SP
Cozinha é um lugar onde se troca histórias, experiências, ensinamentos. Memórias congeladas, assadas, trituradas. Receitas e relatos digeridos, engasgados, mastigados, degustados.
Casa?
Stéphane Dis
Niteroi/RJ
Casa, corpo, pertencimento, preenchimento. Vínculo espaço-corporal a desdobrar-se em espaço-tempo.
contato
contato
Leandro Maman e Sandra Coelho
Parceria: Cambar Coletivo
Performer Convidado: Flávio Rabelo
Parceria: Cambar Coletivo
Performer Convidado: Flávio Rabelo
Itajaí/SC
sem título
Palmas/TO
interferência ambiental de Thaise Nardim.
ENTRANDO PELA SAÍDA
O banheiro é aqui considerado como espaço onde se realizam jogos de prazer e de perversão. Lugar peculiar que carrega a ambiguidade da exposição e da obscuridade, tecendo redes entre sujeitos anônimos. A partir da revisitação de grafitos de porta de banheiros públicos, a performance propõe uma trajetória imagético-coreográfica itinerante. Este trabalho integra o projeto ARQUIPÉLAGO, do Coletivo Construções Compartilhadas (BA).
Desusagens de nós 3
3 no Ato
Daniela Rosante Gomes, Daniela Soledade, Sônia M. Pinheiro
São Carlos/SP
E, finalmente, entreatos, convívio e celebração:
E agradecimentos a todos que prestigiaram e colaboraram com a realização de mais um Festival de Apartamento.
2 comentários:
Lindos! Parabéns por mais uma realização!
Olá. Como eu faço pra realizar um Festival de Apartamento?
Mandei um e-mail para vocês, mas nunca tive resposta. Gostaria de conversar a respeito.
Meu e-mail é ramilla.sz@gmail.com
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